sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O ARTESANATO DAS QUEBRADEIRAS DE COCO DA PALMATUBA


As mulheres quebradeiras de coco de Babaçulândia são bastante conhecidas por quem admira e gosta de artesanato não somente no Tocantins como em todo o Brasil. Elas têm uma maneira peculiar de trabalhar o coco do babaçu, transformando o que seria destinado à fabricação de óleo vegetal ou à indústria cosmética em disputados adereços para o corpo ou decoração ambiental.
A procura da linha de produtos por comerciantes de artesanato de todo o Brasil, que inclui brincos, colares, pulseiras, bolsas femininas, porta-canetas e forros para mesa, mantém as quebradeiras ocupadas diariamente confeccionando novas peças para abastecer o mercado.
Segundo Queila Moura, que já presidiu a Associação das Quebradeiras de Coco da Palmatuba (bairro da cidade) nada do que produzem encalha. “As nossas peças, por fugirem ao padrão convencional de artesanato, têm muita aceitação. Nada por aqui demora muito a vender”.


É um clima de euforia que contagia todas as integrantes da associação que viram seu trabalho valorizado pela agregação de valor com a transformação do coco pelo artesanato.

Mas essa não é uma situação antiga. Começou a partir de dezembro de 2002 quando, com o incentivo da Prefeitura e do SEBRAE, 20 quebradeiras de coco resolveram montar a associação. Queriam com isso fugir à atividade penosa de quebrar coco para extrair o óleo comestível. Esta atividade, conhecida e praticada na região de Babaçulândia e norte tocantinense onde a palmeira abunda, remonta às primeiras décadas do século XX, obrigando as mulheres coletoras e quebradeiras a uma jornada diária penosa e exaustiva. Não somente o esforço repetitivo da tarefa é exaustivo ainda hoje pela manutenção das técnicas primitivas, como o trabalho com o machado afiado e um porrete de pau para efetuar a extração da amêndoa é perigoso, já havendo casos de amputação de dedos.

Até a fundação da entidade, as mulheres em Babaçulândia coletavam o coco do babaçu na zona rural, enfrentando chuva, sol e os riscos oriundos de se embrenharem no mato. Após a coleta, processavam o duro coco, quebrando-o com um machado afiado que prendiam embaixo da perna dobrada ao assentarem-se no chão para a labuta da extração da amêndoa. O fio afiadíssimo do machado voltado para cima abria o coco pela pressão das batidas do porrete.

A associação veio mudar para melhor essa realidade. E hoje não há uma só delas que deseje voltar ao passado da extração do óleo.
A reorientação profissional deu-lhes mais dignidade, transformou o trabalho penoso e perigoso em arte e ainda por cima fez crescer-lhes a renda familiar.

Periodicamente, as quebradeiras de coco realizam exposições e feiras de sua variada produção artesanal em Araguaína e outras cidades do Tocantins, recebendo e despachando através de telefonemas e visitas pedidos de clientes espalhados por todo o Brasil.

Apreensão

Atualmente há uma grande preocupação entre as integrantes da associação: a
Usina UHE Estreito vai engolir todo o bairro Palmatuba, que será coberto pelas águas do lago da hidrelétrica de 555 km². Hoje a concentração geográfica é fundamental para o desenvolvimento do trabalho. Como as indenizações foram negociadas separadamente, elas poderão vir a morar distantes umas das outras, dificultando a manutenção da associação e do trabalho artesanal. Até o mês de dezembro todas elas devem mudar-se. E com as novas condições de vida a associação e todo o belíssimo trabalho desenvolvido correm risco.


TELEFONE PARA CONTATO COM AS ASSOCIADAS - 63 3448 1316 - QUEILA (Orelhão)



Tatuzinhos (Fotos: Ventinha)
Produção artesanal

Porta-copo

Porta-canetas

Forro para utensílio de mesa

Outro formato de forro

Família de emas feita com babaçu

Clientes realizam compras

Cliente examina mostruário

Bolsa feminina

Bandejas e abano

Sede da associação

A bucólica Palmatuba (4 km de Babaçulândia)








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