terça-feira, 17 de junho de 2008

UMA CIDADE PACATA, UM POVO HOSPITALEIRO

Essa é a tônica de pequenas vilas brasileiras isoladas no sertão. Babaçulândia conservou essa marca até a virada do segundo milênio. Já fora uma cidade em ebulição no auge da exploração babaçueira nas décadas de 1940 e 1950 com barcos a motor diesel singrando as águas do rio Tocantins rumo a Belém com amêndoas do coco e fibras de malva; as tripulações imprecando no porto pelo cansaço e a viagem que sabiam demorada e perigosa; os estivadores, por sua vez, mourejando ao sol na carga e descarga de toneladas de preciosas mercadorias.

Mas o avanço tecnológico das indústrias alimentar e cosmética remeteram-na de volta ao passado. O babaçu perdia o status de comodite. É isso mesmo: ‘sorte de uns, azar de outros’. É a gangorra da vida. Até mesmo da vida das cidades. Uma amargura que durou ao menos 35 anos.

Quando a rodovia que liga Araguaína a Babaçulândia foi asfaltada a partir de 2000, viu crescerem as chances de romper uma vez mais esse véu. Era uma outra oportunidade. E isso de fato aconteceu. Tornou-se um pólo turístico com grande fluxo de pessoas às praias do rio Tocantins no mês de julho.

Os dormentes da Ferrovia Norte-Sul, paradoxalmente, resgataram-na da letargia de décadas, abrindo horizontes de progresso sócio-econômico. A usina da UHE-Estreito, em funcionamento a partir de 2010, vai injetar mais ânimo no setor turístico.

A despeito de tudo isso, Babaçulândia sempre conservará nuances do passado original. Não deixará de ter à margem do Tocantins o pescador tratando o peixe que pescou cedo para comer à noite, como faziam seu pai e seu avô; ali no cais do porto estarão as mulheres lavando roupas em pleno meio-dia numa conversa animada. Mais além, o homem simples vai carpir o quintal, levar a mão à testa para enxugar o suor enquanto o amigo passa a cavalo levando a ração para os porcos na quinta.

O rio Tocantins, lerdo como há séculos, se comprazerá com a cena – cada vez que vê-la -, percebendo que nunca será um estranho no meio, seja qual for o nível de progresso alcançado pela cidade.


Lavadeiras ao meio-dia no porto


Babaçulândia, o rio e as serras - foto: jjLeandro

Pescador descama piabanhas - foto: jjLeandro


Mata de babaçu no vale - foto: Ulisses Holanda


Mais morros - foto: jjLeandro


Horizonte irregular - foto: jjLeandro

As serras fecham o horizonte - foto: jjLeandro

A curva do rio perto da cidade - foto: jjLeandro


Cachoeira do Jenipapo - foto: Ulisses Holanda


Agitação musical na Praia do Coco - foto: Divulgação


Barcos a espera de passageiros - foto: jjLleandro


O rio Tocantins também tem escamas - foto: jjLeandro


Serras envolvem a cidade - foto: jjLeandro


Trem da ferrovia faz a sua estréia - foto: Valec



jjLeandro

Um comentário:

João Esteves disse...

Ah, sobre as fotos, não me pareceram coisa de amador, não. Parece-me, ao vê-las, que você tem um bom equipamento e experiência de fotógrafo.