Mas o avanço tecnológico das indústrias alimentar e cosmética remeteram-na de volta ao passado. O babaçu perdia o status de comodite. É isso mesmo: ‘sorte de uns, azar de outros’. É a gangorra da vida. Até mesmo da vida das cidades. Uma amargura que durou ao menos 35 anos.
Quando a rodovia que liga Araguaína a Babaçulândia foi asfaltada a partir de 2000, viu crescerem as chances de romper uma vez mais esse véu. Era uma outra oportunidade. E isso de fato aconteceu. Tornou-se um pólo turístico com grande fluxo de pessoas às praias do rio Tocantins no mês de julho.
Os dormentes da Ferrovia Norte-Sul, paradoxalmente, resgataram-na da letargia de décadas, abrindo horizontes de progresso sócio-econômico. A usina da UHE-Estreito, em funcionamento a partir de 2010, vai injetar mais ânimo no setor turístico.
A despeito de tudo isso, Babaçulândia sempre conservará nuances do passado original. Não deixará de ter à margem do Tocantins o pescador tratando o peixe que pescou cedo para comer à noite, como faziam seu pai e seu avô; ali no cais do porto estarão as mulheres lavando roupas em pleno meio-dia numa conversa animada. Mais além, o homem simples vai carpir o quintal, levar a mão à testa para enxugar o suor enquanto o amigo passa a cavalo levando a ração para os porcos na quinta.
O rio Tocantins, lerdo como há séculos, se comprazerá com a cena – cada vez que vê-la -, percebendo que nunca será um estranho no meio, seja qual for o nível de progresso alcançado pela cidade.



Um comentário:
Ah, sobre as fotos, não me pareceram coisa de amador, não. Parece-me, ao vê-las, que você tem um bom equipamento e experiência de fotógrafo.
Postar um comentário