sábado, 26 de abril de 2008

Eterna vigília


De toda janela
Um ser me olha.
Em qualquer
Rua a chuva me molha.
Se é dia,
O sol me queima.
Quando chega a noite,
A lua vigia
Os meus passos
Trôpegos em busca
Do dia.
De qualquer esquina
Descubro
Uma reta.
Uma mulher ereta
Na porta aberta
Procura por sexo
Para o corpo vazio;
Me chama de lado,
Diz coisas sem nexo,
Quer é dinheiro,
Seu amor confesso.
Mas eu vou embora
Porque sei que há
Nessa mesma hora
Em qualquer lugar
Um cafetão de olho
No que vai ganhar.
E eu vou dizer
Que não há quem não tenha
Um olho que vela
De longe, na brenha,
Que espera o dia
Da sua morte
Pra correr ao cartório
E se tiver sorte
Levar os seus bens
Sabendo que a partir dessa hora
Será ele o otário
Pois já há outros que miram
O seu inventário.



jjLeandro

3 comentários:

Cláudio B. Carlos disse...

É o jogo da vida, meu amigo.
Recebi convite, e aqui estou.

Grande abraço,

*CC*

Wilson Guanais disse...

olá, passando, pra conhecer seu espaço, gostei, eu volto.
abraço

Chiko Kuneski disse...

Belos poemas. Teus curtos têm vigor.