segunda-feira, 2 de abril de 2007

A INICIATIVA E A CRIATIVIDADE, CADÊ??




Euclides da Cunha - autor de Os Sertões (http://www.larramendi.es/Poligrafos/Imagenes/euclides_2.jpg - (Dir Reservados)

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ONDE ESTÃO OS NOSSOS GRANDES ESCRITORES?

A literatura conta a história da vida. A partir desse axioma desenvolvo algumas considerações sobre as quais há muito matuto e, para mim, são inquietantes para o futuro de nossa produção literária.
Não vou aqui ater-me a citações, transcrições ou coisas do gênero porque fugiria ao propósito dessa opinião, obrigando-me já a elaborar uma tese ou coisa que a valha.
A literatura corre parelha às grandes movimentações humanas que transformam a face da sociedade e do mundo, chegando primeiro ao leitor que a própria história oficial dessas ações. A meu ver é assim que acontece. Ao longo dos tempos temos visto que escritores de calibre surgiram nesses momentos cruciais - escolas literárias e pictóricas são criadas como expressão dessas transformações -, reportando-os. A literatura e os escritores têm que estar imbricados ao ser humano, às suas inquietações, aspirações e transformações, pois conta justamente a sua vida, para não correr o risco de tornarem-se obsoletos, mortos, verdadeiras peças de museu. Grandes autores não contemporâneos dessas transformações ainda assim têm a oportunidades de explorá-las como cenário de suas histórias. Que não pareça a quem ler essa opinião que defendo que toda literatura tenha que ser exclusivamente histórica. Apenas nesse momento estou abordando esse assunto.
Arrisco-me a dizer que hoje vivemos essa vácuo na literatura brasileira. Onde se encontram os nossos grandes escritores, porta-vozes dos momentos agudos de nossa história, como o foi Euclides da Cunha em Os Sertões? Mundo afora isso é freqüente. Quem não se lembra de Maiakovski e seus parceiros escritores e poetas, não só ativos na revolução bolchevique como intérpretes desses acontecimentos? E Hemingway, relatando os fatos da Primeira Guerra Mundial e também da Guerra Civil Espanhola? Outros autores foram também intérpretes não de momentos revolucionários, mas de transformações evolutivas.
E aqui no Brasil? Uma vez mais pergunto onde estão os grandes escritores intérpretes dos nossos momentos mais importantes? Enumero algumas transformações sociais que não geraram grandes obras; e isso, a meu ver, não porque tenham sido insignificantes, que muito marcaram ou ainda marcam a nossa sociedade. Seria por quê? Incapacidade de nossos autores? Um exemplo: o avanço da fronteira agrícola e populacional sobre a Amazônia Legal e o Centro-Oeste. A luta do homem contra o próprio homem e a natureza nessas duas regiões foi e ainda é fantástica, manancial para grandes romances épicos e históricos. Nada conheço de destaque tratando do tema. Cadê esses registros? Em todo o país temos a luta do homem pobre contra o latifúndio, a existência do Movimento dos Sem-Terra, o próprio movimento também uma excitante fonte para grandes romances. O que existe de significativo sobre isso? E sobre a saga de Serra Pelada, o maior garimpo aurífero do mundo?, sepulcro de milhares de vidas e também de sonhos?
Saiamos das transformações coletivas e falemos sobre o indivíduo. Lampião, o maior cangaceiro brasileiro, ainda carece de uma biografia definitiva, de um romance rico, verdadeira referência sobre ele e o seu tempo, que esteja à altura de sua significação histórica. O mesmo digo sobre Zumbi dos Palmares. E sobre Tiradentes? Não falo aqui de teses universitárias ou ótimos trabalhos de pesquisadores sobre o tema ou a personalidade. Esse tipo de trabalho é importante e fundamental, mas dentro do aspecto quer abordo seria bibliografia, material de pesquisa para um romance. Falo, pois, da ficção.
Temos ainda outros momentos e personalidades de nossa história importantes e que praticamente foram esquecidos. Sabem quem foi Cunhambebe, Pindobuçu, Aimberê, Coaquira e tantos líderes? E Iperoig? E a Confederação dos Tamoios?
Foram eles líderes da revolta indígena Confederação dos Tamoios contra a violência portuguesa em meados do século XVI, que os matava para ocupar suas terras ou os escravizava como mão-de-obra nos engenhos de cana-de-açúcar do litoral sudeste brasileiro. Iperoig foi a praia, hoje do Cruzeiro, em Ubatuba, onde foi assinado o primeiro armistício das Américas entre os índios tamoios (Confederados) e os portugueses, pondo fim à luta.
Acredito que o escritor é um perpetuador da história do homem, e os nossos estão deixando essa história morrer.

jjLeandro

4 comentários:

un dress disse...

obrigada por me teres descoberto...hehehe...
também já não me lembrava do comentário.

leandro, vou ao tal lugar mal possa e virei igualmente ler o teu texto aqui com calma.

bOm dia. abraçO :)

Verena Sánchez Doering disse...

Gracias por tu link en Cultural World y por tus saludos
los grandes escritores siempre estan, solo que no estan las oportunidades para muchos de ellos
y el mundo cada dia lee menos
ademas sale carisimo comprar libros hoy en dia
yo siento que el mundo le va cerrando la puertas a esos grandes escritores que estan por todo el mundo
te dejo un abarzo grande y que estes muy bien
besitos


besos y sueños

Paulo Silva disse...

Meu caro...
Em primeiro lugar quero agradecer por ter colocado o meu nome em tão nobre página,como aquela que criou.
Depois quero desejar-lhe uma feliz páscoa.
Abraço.
Paulo Silva.

Verena Sánchez Doering disse...

Querido amigo
te dejo muchos cariños y que sea un lindo fin de semana
Feliz Pascua
besitos



besos y sueños