O Natal se aproxima. Para mim, não representa uma festa religiosa. À parte o espírito comercial que é o que impera nestes tempos modernos, vejo-o como uma época de grande festividade e afeição entre as pessoas.
Quando criança, minha cabecinha pueril — influenciada pela carga de informação alienante recebida — povoava meus sonhos com papais noéis em suas renas, uniformes de seda e lã vermelhos e muita, mas muita neve. Nunca me questionava se por aqui ele não morria de calor metido em tantos panos. Nem estranhava em tudo quanto via sobre o Natal a abundância de neve em flagrante descompasso com o meu cotidiano tropical.
Até achava de uma extrema beleza, para não dizer exótico – esse vocabulário ainda não estava ao meu alcance àquele tempo -, os pinheirinhos enfeitados buscados na floresta. Se fosse ao mato aqui, o que podia trazer como árvore natalina era uma faveira (árvore símbolo do Tocantins) ou um ipê (árvore símbolo do Brasil). Nunca um pinheiro. Ia morrer procurando. Nem seria preciso sair à procura vestido em agasalho quente, no máximo uma roupa impermeável para me proteger da chuva.
Hoje, além do clima festivo que me contagia (podia ser assim o ano todo, né?), o tempo sempre fechado, nuvens escuras tampando o céu dias seguidos é o que me remete ao Natal.
Meu Natal deixou de ser do hemisfério norte, atravessou o Equador e fez-se real no hemisfério sul. Se Papai Noel existisse, se eu acreditasse na sua bonomia e pudesse pedir um presente, seria uma missão complicada para ele, pois seria algo assim: Não deixe que o pecado continue imperando ao sul do Equador.
Infelizmente sei que é um presente tão inverossímil quanto Papai Noel.
jjLeandro
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