domingo, 22 de julho de 2007

AQUECIMENTO GLOBAL É UMA FRIA




O HOMEM HIGH TECH


Em tempos de aquecimento global há os cientistas que serem urgentemente versáteis para tirar-nos dessa enrascada que eles próprios nos meteram desde há muito. Sim, ao longo dos séculos, a ganância do homem pelo lucro, que no fundo é a avareza pela acumulação de capital, gerou toda essa parafernália que garimpa fortuna furando a terra, destruindo rios e matas e reproduzindo gente como quem faz cópia xerox.

Mas ainda há tempo, senhores cientistas, se não estiverem mentindo. Dizem que nos próximos 60 anos ainda podem consertar tudo. Pois então o que esperam? Mãos à obra!
Nesse mês de julho, Chris Rapley, diretor do Museu da Ciência na Grã-Bretanha defendeu o controle da natalidade como medida eficiente no combate ao aquecimento global. Segundo ele, é importante uma ação que evite a aproximação da população global em 2050 da astronômica cifra de 10 bilhões de pessoas. Dados do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), estimam que a população mundial deva crescer dos atuais 6,6 bilhões para cerca de 9 bilhões nesse período. Segundo entrevista de Rapley ao conceituado jornal The Observer, uma população menor no futuro significará "menos dióxido de carbono jogado na atmosfera, porque haverá menos pessoas para usar carros e eletricidade".

Numa realidade que nos surpreende pelo inusitado das situações, propostas como essas surgem diariamente numa tentativa de contribuir para a resolução do problema. Também a ONG britânica Optimum Population Trust (OPT), dedicada a defender o controle de natalidade, faz proposta semelhante.
Estive lendo outro dia que as coisas andam tão frágeis, estamos de tal maneira andando sobre o fio da navalha, que qualquer deslize pode representar a desgraça definitiva e é por isso que ouvir falar que em 60 anos a situação pode ser revertida parece um pouco enganação.

Dizem também por aí que o resultado da grande adição de gás carbônico na atmosfera pela queima de carvão e extinção das florestas que nos devolvem prodigamente o oxigênio, essencial à nossa vida, pode desgraçar tudo de vez, apressando o fim.
E a preocupação faz sentido, afinal, floresta de menos e gente de mais representam uma conta que nos empurra mais e mais para o vermelho. Segundo as Nações Unidas, somos mais 75 milhões de novos habitantes a cada ano no mundo e o homem desmata também anualmente globo afora alarmantes 13 milhões de hectares de florestas, quando por cálculos da mesma ONU deveria cada vivente plantar 38,9 árvores para saldar o seu débito. Além desse atentado contra a mãe natureza, cada pessoa no mundo manda para o espaço sete toneladas anuais de gás carbônico. Assim, caro amigo, toda conta vai dar no vermelho.

Por aqui o povo tem uma expressão corriqueira, completamente inteligível ao douto e ao ignaro, exemplificando com propriedade quando a situação está pra lá de preta: “tamo pebado”.
Mas um amigo meu jogou luz sobre essa escuridão com a autoridade de seus 85 anos e nenhuma preocupação com o efeito estufa ou superaquecimento global. Ele é sempre enfático quando diz: “Não devo nada; nunca casei, nem tive filhos”.

Pois bem, mesmo assim, diz ele que os cientistas poderiam, usando toda a tecnologia disponível, para aliviar o efeito estufa emergencialmente nos próximos quinze anos, enquanto armam uma estratégia definitiva, criar no ser humano, via engenharia genética, mecanismos para emissão de oxigênio no espaço em vez de CO².
– E como seria isso? – perguntei-lhe, querendo entender o imbróglio.
– Muito simples. Através da manipulação genética novos humanos passariam a respirar CO² em vez de oxigênio.
Minha cara intrigada exigia mais explicações e ele não as negava.
– A população não aumenta no mundo?
– Sim, é óbvio.
– As florestas não diminuem?
– Também. Está claro.
– O homem não consome oxigênio para inspirar, expirando gás carbônico?
– Exato.
– As árvores não consomem esse gás carbônico e lançam na atmosfera o oxigênio?
– Verdade!
– Como as florestas estão sumindo e a população só aumentando, daqui a pouco vamos morrer sem oxigênio, como os peixes arquejando nas águas poluídas.
A mudança de minha fisionomia foi para ele um sinal de que começava a entender sua teoria. E ele animou-se mais.
– Então o que proponho é que nasça no mundo gente que respira gás carbônico e gente respirando oxigênio. Haveria uma troca: um favorecia o outro. Não é genial?
Voltaram as dúvidas.
– A meu ver haveria uma incompatibilidade: essas pessoas poderiam acasalar-se livremente? Não haveria um problema para o bebê de pais com sistemas respiratórios diferentes?
Ele abriu um sorriso de triunfo.
– Claro que não. Aí é que está a grande vantagem. Você não conhece os carros modernos?
– O que têm os carros com isso?!
– Meu caro amigo, do cruzamento desses dois sistemas respiratórios nasceria o homem do futuro. O homem biflex, entendeu?



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