domingo, 22 de abril de 2007

UMA HOMENAGEM ÀS MÃES

Mãe de Ternura (http://baixaki.ig.com.br/imagens/wpapers/BXK9360_mae-da-tenura800.jpg - Direitos Reservados)


UMA CRÔNICA DE jjLeandro


Dia das mães

Uma data realmente para comemorar, afinal mãe é única. E é insubstituível. Para os filhos não adianta o pai tentar outra quando a original morre ou o casal se separa. Eles sabem com qual alcunha a postiça será tratada: madrasta. Um substantivo feminino estigmatizado de tal forma na relação familiar que foi alçado à condição de adjetivo pejorativo: má, cruel. No dicionário, somente nos antônimos há um refresco, porque - como nos espelhos - há uma inversão: bondosa.
Mas vamos aqui falar apenas da mãe real, seja ela biológica ou adotiva - a que fez do amor incondicional sua maternidade -, afinal todos nós temos ou já tivemos uma. Até a madrasta. Além desta, uma outra e muitas vezes injustiçada tem ou já teve e também é mãe: a sogra. Sim, sogra também é mãe. Se pelos genros e noras ela é tão vilipendiada - todas pagam pela má fama -, para os netos ela é mãe duas vezes. E a aura que reveste as vovós é extremamente positiva. As vovozinhas são sempre doces, acolhedoras, gentis. São a bonomia em pessoa. Pode no círculo familiar alguém ter dupla personalidade como nos filmes de ficção científica, uma hora boa, outra hora má? Ou isso é apenas implicância de genros e noras? As noras nunca devem esquecer que também elas um dia deverão ter a honra de serem sogras. Mas deixo essa polêmica para os psicólogos de plantão.
Quisera eu, como sei que milhares de pessoas também quereriam, ter ainda a minha mãe. Ela já faleceu. Quando a temos por quase toda a nossa vida, não importa a nossa idade, seremos sempre crianças. A atenção e o amor de mãe não nos permitem nunca atingir a fase adulta. É que mãe só sabe ser carinhosa. Até quando nos repreende ou castiga quer o nosso bem. É um alerta a nos desviar do perigo e a mostrar o caminho certo que a experiência e o amor de sua mãe lhe ensinaram.
Mãe, além de mãe, é o anjo da guarda dos filhos. E sendo assim, mãe nunca morre. As que já se foram estão em outro plano cuidando de nossa segurança. Quando em casos de extremo perigo dizemos: “Escapei porque meu anjo da guarda estava de plantão”, é certo que foi pela interferência da mãe alçada à condição desta entidade. Mas aí surge um problema: quem ainda tem a mãe viva, qual é o seu anjo da guarda? Uma ancestral materna que cuida dela e dos filhos.
O amor materno nos protege sempre. Mas mãe, bem sei, nunca se queixa; se reclamasse, tentaria saber as razões de algumas injustiças. Por que dizemos, quando queremos magoar alguém: “Filho de uma puta”? Ainda que realmente seja, puta é uma mãe como qualquer outra. A condição social ou moral de uma mulher não a desqualifica como mãe.
Acho que mãe devia ser venerada por decreto federal. E aí, quem desmerecesse a sua ou a de outrem pagaria uma pena. Talvez assim os árbitros de futebol fossem os primeiros beneficiados e suas mães pudessem ir aos estádios verem a atuação de seus filhos, vibrando de emoção mesmo que ouvissem em algum momento a torcida dizer, quando não concordasse com a arbitragem: “Filho de uma mãe!” Isso não é pejorativo. Até quem grita essa sentença é também filho de uma mãe. Todos nós somos, com muito prazer.



Postado por jjLeandro - 10/05/2007 - 22h20min


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Flores- Fotos de Osvaldo Barreto


Às mães, flores. De todos os tipos, de todos os cheiros, de todas as cores. Para as mães, carinho. Que seja um afago, que seja um mimo. Mas que seja sincero e com muito ardor, afinal nos deram a vida, por amor.


postado por jjLeandro, terça-feira, 8 de maio, 22h10min


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Mãe...e mães

Mãe nunca é perfeita
É esquerda é direita
A mãe só tem coração
(Mas há as desumanas, essas sem alma
Que esqueceram a essência
Do motivo desse gerar
De caráter poder moldar)
Mãe é flor é riso
Ela mora em muitas casas mas sempre é a mesma
Tem vários rostos
Tem várias bandeiras
No fundo mãe é sempre mãe
É aquele pedacinho que é nosso
É a sombra onde me encosto
Mãe...é a única mão aqui
Que nos entende
Que nos ama sem precedentes
Que quando se vai
Muita falta faz.
Mãe...nem sempre a compreendemos

As lombadas que percorremos
Somos sempre seus bebês
Aos teus olhos pra sempre
Na vida o maior presente
És tu no meu ser.

Rafaela Silva Santos

Postado por jjLeandro em 2/5 - 19h13min

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UMA POESIA DE MARCOS ANDRÉ CARVALHO LINS









Marcos (Foto)



mãe

Filhos nascem todos os dias,
Mães florescem no sempre mas nunca são acolhidas como merecem
Por quê?
Colhe-se a flor, pétala por pétala
Mas as mãos (imperfeitas) não podem acolher a luz,
Assim como os olhos(limitados) não podem enxergar as mães como são
Pois, apenas o que é infinitamente belo pode gerar vida...
E o sonho dos seres é acolher as mães tal qual os olhares captam as nuanças luminosas...
Impossível!
Antes da luz, antes mesmo das trevas, a mulher já era mãe!


Postado por jjLeandro em 28/04 às 09h21min




Veneza de Brasileiros



Paulo Silva (foto)
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UMA POESIA DE PAULO SILVA
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O QUE É SER MÃE


Mãe tu és a luz do meu viver
Tu és a felicidade no mundo
Tu és o amor mais profundo
Tu és luz ao anoitecer
Foste tu que deste o ser
A tantas alminhas na terra
O teu coração encerra
Tanto amor tanta ternura
Tu és a alma mais pura
És minha vida, meu bem-querer

Só tu deixas de comer
Para dares aos teus filhinhos
Enchendo-os de muitos carinhos
Podes-te deixar morrer
Tu nunca deixas de ser
A mulher mais caridosa
És linda como uma rosa
Tu és tudo o que há de bom
Só tu mãe tens o bom dom
De a todos enternecer

Tu nasceste para sofrer
Por todas as tuas crias
Não conheci nos meus dias
Coisa melhor
Podes querer
Ser mãe é, amar e sofrer
Cantinho do Poeta
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Postado por jjLeandro em 23/04 às 18h45m

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Mãe com seus filhos - William-Adolphe Bouguereau
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DE HOJE ATÉ O DIA DAS MÃES FAREI AQUI NESTE ESPAÇO UMA JUSTA HOMENAGEM. E SE VOCÊ INTERNAUTA QUE É APENAS LEITOR OU BLOGUEIRO, ESCRITOR, PINTOR, CARTUNISTA, DESENHISTA OU FOTÓGRAFO TEM UM TRABALHO SEU HOMENAGEANDO AS MÃES E DESEJA PARTILHAR CONOSCO DESSA ALEGRIA, ENVIE SEU TRABALHO PARA O EMAIL jjleandro60@hotmail.com QUE ELE SERÁ POSTADO AQUI.
MAS NÃO ESQUEÇA: O ESPAÇO DEVERÁ SER UTILIZADO APENAS PARA DIVULGAÇÃO DE SUA ARTE. NÃO NOS ENVIE TRABALHO DE AUTORES CONSAGRADOS E BASTANTE CONHECIDOS. QUEREMOS DIVULGAR VOCÊ E SUA ARTE.

VAMOS LÁ? MÃOS À OBRA!!












Abro a série com uma poesia minha





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Mãe





Mulher maiúscula





acalenta





os dois filhos vogais





com o cobertor do til.





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sexta-feira, 20 de abril de 2007

COMENTE NO GLOBO ON LINE



A MINHA CRÔNICA 'COMO DEUSES' ESTÁ NO SEGUINTE ENDEREÇO DO GLOBO ON LINE http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2007/04/19/295426171.asp E EU ESPERO A SUA VISITA.

ABRAÇOS

jjLeandro

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Hummm...O beijo



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NEM TODO BEIJO É DOCE

O dia mundial do beijo já passou. Nada comentei antes porque não havia motivo. É isso mesmo, veja: não tenho namorada para beijo na boca! Estou assim na secura há tempos. Mas vamos falar disso aqui a boca pequena senão me tornarei ridículo, caindo aos 40 na boca do povo. Poderiam até pensar que não tenho boca, mas tenho sim. Todo dia uso-a para me alimentar e permitir que o sonho de ter uma garota possa subsistir. Uso-a também para imprecar porque os tempos são de azar para o namoro. Neste quesito estou quase beijando a lona, mas esse é um entre tantos beijos que pretendo evitar. Mas não posso dar-me ao luxo de evitar tudo. Periodicamente vou ao médico e faço exames para determinar a taxa de glicemia, afinal se as oportunidades são raras não posso estar reduzindo o universo das possibilidades de beijos por negligência minha. Já pensou ter que abrir mão de um beijinho doce quando a chance surgir pelo desconhecimento se sou ou não diabético. Isso que não!
Mas a situação no momento é periclitante, reconheço. Tanto que estou com cuidados até quando vou ao restaurante. Previno-me contra o que dizem os maledicentes: “boca que não merece beijo, pimenta nela”.
A família também está longe, portanto nem beijo na face estou dando ou recebendo. Quando a maré de azar é grande, tudo de ruim acontece. É quando a pretexto de facilitar as coisas para acelerar o processo podemos entrar numa boca-quente. Na empresa onde trabalho, tenho na chefia uma mulher. E que mulher! Na tentativa de uma azaração pra cima dela, fiz charme um bom tempo, era solícito em atender-lhe pequenos favores e antecipar-lhe os desejos com a diligência de um vidente. Não deu outra: a turma de colegas – acho que com uma ponta de despeito - começou a me chamar de beija-mão! Nada pior que uma fama injusta. Desisti.
Fechei a boca e recolhi-me. Em bom tempo lembrei-me do ditado e decidi segui-lo à risca: “em boca fechada não entra mosquito”, pena que tenho a certeza que também não recebe beijos. Mas não capitulo, nunca! Não sou desses que ao primeiro contratempo beija o pó, jogando a toalha. Se bem que no meu caso não é mais contratempo, seria mais apropriado dizer contra-estação.
Vá lá, tenho ao menos uma boa desculpa que me livra de soçobrar, à qual me seguro como nos tempos de criança quando buscava justificativas para meus fracassos; é um consolo de todos os dias: dizem que beijar dá sapinhos na língua. Nem tudo são males. E desse estou livre pela abstinência.
Mas cá pra nós, beijar é bom. Principalmente quando é na boca, e na falta de prática para essa modalidade, que se remedeie com um beijo amigável na face, mas que não seja como o beijo de Judas em Jesus. Deste com certeza ele não gostou. Nem eu gostaria de um beijo assim. Mesmo no desespero a gente não pode se render a qualquer beijo.
São daqueles beijos que não se pode aceitar em hipótese alguma. Cito nessa categoria um outro beijo: o da morte! Cruz credo, quero estar livre desse também.


jjLeandro


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OUTROS EUS



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domingo, 15 de abril de 2007

EXERCÍCIOS POÉTICOS


Gaivota (http://kiss.blogs.sapo.pt/arquivo/gaivota1.jpg - Direitos reservados)
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SEM CAMINHO AO PARAÍSO

Soubesse o homem
Do vôo,
Não seria como ave.
Descobrir seria grave
Que na busca do Paraíso
O céu não é caminho
Mas entrave.

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CERTEZA

Todo vôo
É vão
Entre
dois pontos.

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INVÓLUCRO


A pele
É apenas um disfarce
Com que faço
O corpo
Se manter
Adstrito
No espaço.

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SEM MERECER

Todo apreço
Tem seu preço
E muitas vezes
Nem mereço.

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QUEDA

Entre a asa
E a brasa
O acaso
Colocou
A seta
Que decepa
O sonho
De continuar
O vôo.

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DEPOIS DA QUEDA

Antes da queda sorri.
Mas não pensa:
Para quedas,
Não é remédio
Apenas continuar
Vivo depois.

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SEM PAR

Todo par
É ímpar
Se só se
Sinta.

jjLeandro

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OUTROS EUS
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http://www.overmundo.com.br/perfis/jjleandro
http://fotolog.terra.com.br/jjleandro60

sexta-feira, 13 de abril de 2007

MORRA DE RIR, MAS NÃO MORRA DE RAIVA






ALGUMAS PIADAS DO APAGÃO AÉREO E DOS
NOBRES DEPUTADOS EM BRASÍLIA.
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JOÃOZINHO E O APAGÃO

A professora no colégio, na sala de aula:
-Vamos agora falar de atualidades, Joãozinho, é com você!
O Joãozinho ficou em pé.
-Diga-me o que não levanta mais ultimamente.
-O papai lá em casa.
A professora, vermelha de vergonha:
-Joãozinho, não quero saber lá em sua casa, mas sim no aeroporto.
E ele dispara imediatamente:
- É o papai querendo pegar a aeromoça.
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DEPUTADO IMPRODUTIVO

Comentário entre duas madames, mulheres de deputados federais, num salão de beleza na capital, base de seus maridos.
A primeira, radiante:
- Inezinha, que bom, o Jonas não vai mais trabalhar na Câmara às segundas. Disseram que o trabalho lá é improdutivo. Vou poder ficar mais tempo com ele aqui.
A outra, ríspida e com ironia:
- Sorte sua, Mag, porque o Janjão é improdutivo lá e aqui comigo.
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ATÉ O SHERLOCK
Por que em tempos de apagão aéreo até Sherlock Holmes perderia o rumo no Brasil?
Resposta: Porque não acharia a pista.
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NOS TEMPOS DOS GREGOS

Na escola a professora testa a esperteza dos alunos:
- EUREKA!! Assim diziam os gregos sempre que uma luz iluminava seu cérebro a cada grande descoberta. Pergunto então: por que nos tempos dos gregos não existia apagão aéreo?
Um aluno levantou no fundo da sala e antecipou-se aos outros:
- Porque quem inventou o avião foi um brasileiro.
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jjLeandro
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terça-feira, 10 de abril de 2007

MAIS DIAS PARA O CHURRASQUINHO DE FINAL DE SEMANA


http://www.pili.com.br/images_portfolio/46.jpg (Direitos Reservados)

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COMO DEUSES

Os nobres deputados federais brasileiros decidiram não mais trabalhar às segundas-feiras. O móvel dessa proposta que à população pode parecer provocação, afinal nós indignos semideuses há muito não trabalhamos dia algum, é igualá-los a nós. Ora, que petulância!
Eles, pobres mortais da economia informal(nunca informam o que ganham), dizem que se “a voz do povo é a voz de Deus”, nada mais justo terem a prerrogativa do descanso semanal, quer dizer, de segunda a segunda, já que são nossos presumíveis representantes.
Entre muitos argumentos secundários alegam, por zelo ao nosso santo dinheirinho, que as sessões das segundas-feiras, como quase todas as outras, são improdutivas, razão por que decidiram ficar nos estados, estendendo o seu sagrado churrasquinho de final de semana. Uma boa desculpa que, de quebra, os livrará das intermináveis filas em aeroportos no vaivém base/Brasília, pois lamentam ainda não terem asas, que anjos não são. Mas, o mais das vezes, é preciso que se lhes aparemos as asinhas ou lhes cortemos as uninhas - que vivem botando-as sem cerimônia para fora em acordos que a nossa má língua teima em estigmatizar como negociatas.
Já não nos causa mais escândalo que propostas tão exóticas (ou justas?) sejam feitas naquela Casa. Raciocinando melhor, até acho de bom alvitre que a segunda-feira seja também enforcada, como costuma acontecer com a sexta, afinal arrumar a bagagem para a viagem à base custa tempo; e andar de avião é coisa demorada quando se fala em ir ao Acre, Rio Grande do Sul ou do Norte. Não vou falar aqui dos constantes apagões aéreos, que aí seria já dar asas a cobra.
Com rigor matemático, um amigo meu deu-lhes razão: são necessários ao menos quatro dias para o traslado de ida e volta! Maldosamente, o amigo também apurou que é um dia a menos para acordos escusos. Talvez então com essa decisão aconteça um efeito colateral e inesperado: o crescimento da credibilidade dos nossos congressistas. Impossível? Talvez nem tanto. Impossível é ela baixar ainda mais. Uma pesquisa da CNT/Sensus apurou entre a população que somente 1,1% acredita que deputados e senadores estão na mais confiável das instituições: o nosso Congresso (Olimpo?). A pesquisa foi divulgada no dia em que os deputados anunciaram a boa nova.
Enquanto isso, os deputados discutem algo importantíssimo para o trabalho fluir sem embaraços no dias restantes da semana parlamentar pra lá de sueca: a verba de gabinete deve ser aumentada nos próximos dias! E creio que há justificativa para tanto: mais assessores têm que ser contratados para dar conta do trabalho acumulado, pois de maneira alguma - atentem bem para o zelo conosco - o eleitor que os pôs lá pode ser prejudicado.


jjLeandro


LINQUES RELACIONADOS À MATÉRIA, CONFIRA:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u91050.shtml - Folga na segunda

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u91058.shtml - aumento de verba

http://uolpolitica.blog.uol.com.br/index.html - pesquisa Sensus

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AQUECIMENTO GLOBAL






OVOS FRITOS EM 2100



O aquecimento global está aí batendo à nossa porta. Parece que veio para ficar. E o que mais me assusta nessa história toda são as atitudes dos cientistas que já não falam em evitá-lo ou fazê-lo retroceder, mas em adaptar a nossa vida ao que entendem inevitável. Há nessas ações, a meu ver, a lógica capitulacionista da irreversibilidade. Eu explico melhor a partir de uma notícia que li na internet e que transcrevo parte dela: “O Ministério da Agricultura do Japão anunciou que desenvolverá um novo tipo de arroz resistente ao calor e à falta de água, em antecipação a períodos de escassez ocasionados pelo aquecimento global. A medida faz parte de um estudo que prevê quedas na produção de arroz e perdas de florestas se os níveis de dióxido de carbono na atmosfera duplicarem e o aumento do nível de mercúrio, segundo a agência Kyodo”.
A notícia tratava ainda de percentagens sobre o aumento do nível de dióxido de carbono na atmosfera até o final do século, mas a mim, leigo como a maioria dos que a leram, causou um profundo mal-estar. Não consegui aplaudir os esforços dos cientistas em tentar tirar coelhos da cartola para que a espécie humana continue sobrevivendo malgrado os estragos que causa ao planeta. Estamos mesmo com os dias contados ou vamos nos adaptar e sobreviver? Apesar de toda a inteligência, vamos perecer como os dinossauros?
São questões que alarmam a todos nós hoje, ainda é cedo para ter respostas, e alarmarão ainda muito mais nossos netos daqui a 30 ou 40 anos se em vez de providências para frear essa insanidade que é a poluição e a devastação de nosso planeta, preferirem paliativos para conviver com ela.
Temo que realizem a proeza de desenvolver não somente um arroz mais resistente ao calor, mas, aproveitando o excessivo calor do aquecimento global, consigam com que esse cereal seja já produzido cozido.
Enquanto deixava minhas preocupações tomarem conta de mim e divagava em devaneios, meu filho - que dormia no sofá - acordou e veio ter comigo em busca de aconchego.
Tem dez anos e é um dos que vai herdar esse magnífico planeta e as transformações perpetradas por nós que lentamente lhe vão alterando a face. Ele veio, esfregando o olho com as costas da mão, ainda sonolento e bocejou longamente enquanto se aninhava em meu colo. Olhou-me e sorriu agradecido pela receptividade e o carinho recebido. Mas disse algo que me deixou sombrio e pensativo: “Pai, eu sonhei que em 2100 as galinhas vão pôr ovos fritos.”
Franzi o cenho, não disse nada a ele, mas imaginei cá com os meus botões: “Faz sentido”.



jjLeandro

domingo, 8 de abril de 2007

EM CLIMA DE FAROESTE

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A ORELHA

Esta história já conta tempo que a ouvi. Sete ou oito anos. Mas esse interregno não é confiável, pois essas histórias - por serem tantas - idênticas em diferentes lugares mais parecem folclore que fato real.
Juraram-me que esta aconteceu, mas invariavelmente assim diziam em todas as pensões de interior – onde eu descansava à noite do dia atribulado de vendedor de tecidos. Ouvia muitas histórias à espera da hora de dormir, à luz da lua sob uma árvore, que naquela época a luz elétrica não chegava a todos os rincões com a mesma velocidade do homem. Era praxe só contar a história depois de convencer o interlocutor de que ela era veraz, com isso garantindo uma aura de autenticidade à narrativa e excitação ao ouvinte. Eu aceitava o jogo e deixava-me enlear às primeiras palavras, abrindo caminho à imaginação criativa do fabulista. Aquele me disse:
— Senhor, o juramento é um velho código de honra de cavalheiros. E quando feito sobre o sangue derramado, torna-se impossível transigi-lo.


Assim aconteceu com Jerônimo Macedo, comerciante do lugar, meio século atrás. Ele era então um velho de oitenta anos e viu-se com tão avançada idade diante do último desafio de sua vida: vingar a morte do único filho restado adulto entre os tantos que concebera e a morte tomou-lhos sem condescendência.
Em Gaudêncio Macedo depositava, pois, uma esperança quase terminal, como a vida que já se ia extinguindo em seu semblante taciturno e encarquilhado, de sucedê-lo à frente dos negócios ainda em vida. Em momentos de desalentada reflexão, lamentava a tirania do destino e a imperfeição dos seres humanos: talvez entre os filhos que não vingaram estivesse o que seria a sua cópia no caráter e nos negócios. Mas logo se rendia à fatalidade e contentava-se com o que lhe restara, talvez temendo que sua inconformidade com os desígnios superiores fosse punida com o castigo de também perder o único filho vivo: antes com um do que sem qualquer!
Gaudêncio Macedo não sucedeu ao pai nos negócios.


Ele foi assassinado numa rodada de pôquer por um homem frio e cruel, temido sem conta na região; e a notícia do infausto acontecimento quase fez descerem juntos à sepultura o combalido pai e o filho arroubado. Quem presenciou o crime arbitrou que Gaudêncio teve razão de acusar o adversário de trapacear com as cartas – só não pôde prever a reação virulenta do trapaceiro. E aqui as conjecturas são tantas que só reafirmam as incertezas da vida. Mas o mais provável é que por ser jovem e impetuoso ou então por uma dessas fatalidades que fazem da vida uma sucessão de imprevistos tenha negligenciado a periculosidade do adversário. O desenlace foi um trágico tiro na testa, à queima-roupa, que varou a cabeça do jovem Macedo.
A razão não lhe poupou a vida.


Para o pai, sofredor de gota e obrigado a uma exaustiva jornada de trabalho que a idade e a doença faziam penosa, o crime foi quase o fim; e culpava-se pela desgraça do filho, acreditando que a atraíra com os constantes pensamentos que punham em dúvida a competência dele. Mas o velho teve forças, e reagiu. A despeito de tudo, a lembrança do filho carinhoso embora perdulário embalou no velho Macedo o espírito de vingança. Arrancou do passado, com sofrimento e dor, tumultuadas recordações que imaginava definitivamente sepultadas nos desvãos da memória junto com os muitos homens que ousaram opor-se-lhe. Até a gota conheceu alívio diante de outras dores maiores que consumiam sua força e sua atenção. De mais a mais, havia jurado vingança sobre o corpo do filho morto, e por aquelas bandas um homem que jura e não cumpre com a palavra empenhada é um impotente.

Jerônimo Macedo agiu rápido, o ódio lhe era vital, e quem o conhecia surpreendeu-se com a vida que rejuvenesceu seu semblante de doente terminal. Em pouco tempo ele teve a ficha do criminoso em mãos, e pôde ter conhecimento do quão ele era perigoso. Mas em todos os seus oitenta anos a covardia nunca foi um sentimento que o impedisse de tomar uma decisão importante; e sem dúvida, aquela era a mais importante de sua vida – não havia recuo possível.
Raciocinou com frieza e quantificou vantagem para si: era poderoso e astuto; e a astúcia – de conluio com o poder – pode mais que o instinto sanguinário de um homem.


Ele próprio desejava resolver a questão, mas a avançada idade e os achaques não lhe permitiam ser mais como antigamente. Precisava, portanto, de um pistoleiro. Foi demorada a seleção: o assassino incutia medo aos mais destemidos aventureiros. Lamentou que a vida o fizesse passar o vexame de – como um incapacitado – depender de outro homem para resolver uma questão de foro íntimo. E quase com um remorso tardio, lembrou da insensatez da própria juventude quando favorecia Madalena, sua vizinha fogosa, cujo marido era impotente. Sentia agora no íntimo a mesma dor do marido traído quando descobriu o relacionamento dos dois e quedou-se impotente, como de fato o era. Por fim um homem de feia catadura resolveu correr o risco da empreitada mais preocupado em embolsar a sedutora recompensa – que crescia junto com as dificuldades da missão.


O velho Macedo descreveu o matador do seu filho e frisou as peculiaridades que ele tinha: um brinco de argola à moda antiga dos piratas na orelha esquerda e, no lóbulo dessa mesma orelha, uma diminuta tatuagem de uma borboleta. Impossível haver erro na identificação, e o fator surpresa diminuiria os riscos.
Os dias sucederam-se sem notícia e a ansiedade do velho Macedo cresceu. Havia desistido o vingador? Fora morto pelo assassino? Eram dúvidas que atormentavam o ancião a ponto de a gota voltar a incomodar e o semblante de doente terminal assustar os amigos. Dois meses, nenhuma notícia. Estava a ponto de despachar outro pistoleiro quando, inesperadamente, o vingador retornou.
Extasiado pela alegria, Jerônimo Macedo conferiu a prova inconteste da materialização da vingança: a orelha esquerda do assassino. Não coube em si de satisfação. Contrariando a habitual parcimônia nos gastos, foi pródigo com o pistoleiro e deu-lhe além do combinado em dinheiro. Em seguida, mandou-o desaparecer.
Podia enfim morrer em paz.
Sua vida era um vazio de sentimentos, ressalvados os momentos de excitada felicidade vividos após a consumação da vingança, mas a sua alma exultava tranqüilidade.
Embora preparado, a morte não viria de imediato para Jerônimo Macedo. Chegou no segundo aniversário da morte do filho, da única maneira que não desejava. Outra fatalidade ou a premeditação de um instinto sanguinário?


No final de um dia calorento, quase à hora de fechar sua loja de ferragens, quando sozinho conferia o caixa do dia, Jerônimo Macedo viu um homem surgir diante do balcão de madeira. Um sobretudo com lapela levantada – malgrado o calor – e um chapéu enterrado até as sobrancelhas escondiam suas feições. O velho encarou distintamente o desconhecido e perguntou:
— Em que lhe posso servir, cavalheiro?
O outro não respondeu imediatamente. Optou por tirar o chapéu e abaixar lentamente a lapela do sobretudo. Disse em seguida, sem qualquer inflexão na voz, após virar o lado esquerdo da cabeça na direção de Jerônimo Macedo:
— Quero minha orelha de volta!
Um disparo de revólver impediu que o velho expressasse sua estupefação em palavras ao assassino, mas suas feições disseram tudo.


jjLeandro



segunda-feira, 2 de abril de 2007

A INICIATIVA E A CRIATIVIDADE, CADÊ??




Euclides da Cunha - autor de Os Sertões (http://www.larramendi.es/Poligrafos/Imagenes/euclides_2.jpg - (Dir Reservados)

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ONDE ESTÃO OS NOSSOS GRANDES ESCRITORES?

A literatura conta a história da vida. A partir desse axioma desenvolvo algumas considerações sobre as quais há muito matuto e, para mim, são inquietantes para o futuro de nossa produção literária.
Não vou aqui ater-me a citações, transcrições ou coisas do gênero porque fugiria ao propósito dessa opinião, obrigando-me já a elaborar uma tese ou coisa que a valha.
A literatura corre parelha às grandes movimentações humanas que transformam a face da sociedade e do mundo, chegando primeiro ao leitor que a própria história oficial dessas ações. A meu ver é assim que acontece. Ao longo dos tempos temos visto que escritores de calibre surgiram nesses momentos cruciais - escolas literárias e pictóricas são criadas como expressão dessas transformações -, reportando-os. A literatura e os escritores têm que estar imbricados ao ser humano, às suas inquietações, aspirações e transformações, pois conta justamente a sua vida, para não correr o risco de tornarem-se obsoletos, mortos, verdadeiras peças de museu. Grandes autores não contemporâneos dessas transformações ainda assim têm a oportunidades de explorá-las como cenário de suas histórias. Que não pareça a quem ler essa opinião que defendo que toda literatura tenha que ser exclusivamente histórica. Apenas nesse momento estou abordando esse assunto.
Arrisco-me a dizer que hoje vivemos essa vácuo na literatura brasileira. Onde se encontram os nossos grandes escritores, porta-vozes dos momentos agudos de nossa história, como o foi Euclides da Cunha em Os Sertões? Mundo afora isso é freqüente. Quem não se lembra de Maiakovski e seus parceiros escritores e poetas, não só ativos na revolução bolchevique como intérpretes desses acontecimentos? E Hemingway, relatando os fatos da Primeira Guerra Mundial e também da Guerra Civil Espanhola? Outros autores foram também intérpretes não de momentos revolucionários, mas de transformações evolutivas.
E aqui no Brasil? Uma vez mais pergunto onde estão os grandes escritores intérpretes dos nossos momentos mais importantes? Enumero algumas transformações sociais que não geraram grandes obras; e isso, a meu ver, não porque tenham sido insignificantes, que muito marcaram ou ainda marcam a nossa sociedade. Seria por quê? Incapacidade de nossos autores? Um exemplo: o avanço da fronteira agrícola e populacional sobre a Amazônia Legal e o Centro-Oeste. A luta do homem contra o próprio homem e a natureza nessas duas regiões foi e ainda é fantástica, manancial para grandes romances épicos e históricos. Nada conheço de destaque tratando do tema. Cadê esses registros? Em todo o país temos a luta do homem pobre contra o latifúndio, a existência do Movimento dos Sem-Terra, o próprio movimento também uma excitante fonte para grandes romances. O que existe de significativo sobre isso? E sobre a saga de Serra Pelada, o maior garimpo aurífero do mundo?, sepulcro de milhares de vidas e também de sonhos?
Saiamos das transformações coletivas e falemos sobre o indivíduo. Lampião, o maior cangaceiro brasileiro, ainda carece de uma biografia definitiva, de um romance rico, verdadeira referência sobre ele e o seu tempo, que esteja à altura de sua significação histórica. O mesmo digo sobre Zumbi dos Palmares. E sobre Tiradentes? Não falo aqui de teses universitárias ou ótimos trabalhos de pesquisadores sobre o tema ou a personalidade. Esse tipo de trabalho é importante e fundamental, mas dentro do aspecto quer abordo seria bibliografia, material de pesquisa para um romance. Falo, pois, da ficção.
Temos ainda outros momentos e personalidades de nossa história importantes e que praticamente foram esquecidos. Sabem quem foi Cunhambebe, Pindobuçu, Aimberê, Coaquira e tantos líderes? E Iperoig? E a Confederação dos Tamoios?
Foram eles líderes da revolta indígena Confederação dos Tamoios contra a violência portuguesa em meados do século XVI, que os matava para ocupar suas terras ou os escravizava como mão-de-obra nos engenhos de cana-de-açúcar do litoral sudeste brasileiro. Iperoig foi a praia, hoje do Cruzeiro, em Ubatuba, onde foi assinado o primeiro armistício das Américas entre os índios tamoios (Confederados) e os portugueses, pondo fim à luta.
Acredito que o escritor é um perpetuador da história do homem, e os nossos estão deixando essa história morrer.

jjLeandro

domingo, 1 de abril de 2007

UM CHEFE TAMOIO VEM DO PASSADO


Lagoa Sacopenapan - Rodrigo de Freitas (http://www.almacarioca.com.br/imagem/fotos/capital/cidade05.jpg- Dir. Reservados)

ESSA CRÔNICA NASCEU DA FASCINANTE HISTÓRIA DOS ÍNDIOS TUPINAMBÁ E A FANTÁSTICA CONFEDERAÇÃO DOS TAMOIOS, A PRIMEIRA NAÇÃO PINDORAMA NA ERA DA INVASÃO PORTUGUESA NA AMÉRICA

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AIMBERÊ NO RIO DO SÉCULO XXI

Aimberê desceu no Rio do século XXI direto de uma nave espacial, e não me perguntem como isso aconteceu que nesses tempos high tech tudo é possível, até apagão aéreo (dão sorte, pois o referido acontece no chão – já pensou o piloto dizendo: “senhoras e senhores, apagão aéreo a 10 mil pés de galinha. Vamos direto para o chão, com a sorte dos 154 coitados!” seria muito pior –, mas ainda assim reclamam!). Bom, mas cadê o Aimberê? Ah! Tá ali, comprando um terno Armani, que andar nu por esse Rio, oitava maravilha do mundo, dá cana e é mais perigoso que bala perdida.
Orou rapidamente no calçadão de Copacabana com sol a pino pra Tupã, para que protegesse os seus e a si mesmo. Mas aquele homem alto, acentuada cara de tamoio, uma gravata Gucci no pescoço e várias outras com desenhos de palmeiras no bolso, compradas em Miami (ele não toma remédios tarja-preta automedicados, e por isso não tem ‘transtorno inexplicável’). Mas chamou atenção de muitos canais de tv e jornais, ávidos em surrupiar audiência umas às outras e meter goela abaixo dos leitores um medo de que perdidos somos nós, pois a bala é certa! Foi rodeado pelos senhores da mídia. Sua primeira reação, pois não sabia do que se tratava foi dizer: “Não surrupiei nenhuma gravata! Isso aqui foi escambo com mairs e perós” E iam eles entender patavinas do que o chefe tamoio falava? Eles para o morubixaba: “Quem é o senhor?” E não é que ele entendeu o português? “Eu sou Aimberê, morubixaba tamoio, dono de tudo isso aqui. Pindorama me pertence!” Os repórteres riram em sua cara, como ele não entendeu por que, riu também. Passaram meia hora rindo (o chefe de edição faria os cortes). Depois sério e temeroso, ele perguntou: “Cadê os perós? Há portugueses por aqui?” A laia de repórteres falou: “Só o Manoel da padaria, ali na esquina. Mas não se incomode, ele é vascaíno e agora anda mais preocupado em saber em quem o Romário fará o milésimo gol”. Despreocupou-se: a rivalidade perós/tupiniquins x mairs/tupinambás era tão antiga quanto o hábito de traficar nessa terra: o primeiro foi com o pau-brasil. Atualmente, a grande moda é o tráfico político.
Aimberê andou pela rua e a chusma atrás. Deu uma volta pela Lagoa Sacopenapan ou Piraguá (Rodrigo de Freitas) e espantou-se com os espigões por ali. Gritou, chorando: “Salema! Salema!” Os repórteres repetiram o nome, achando que era um grito de guerra, não sabiam que esconjurava o mouro Antônio de Salema, governador do Rio naqueles tempos de cobiça que, para surrupiar as terras aos tamoios em volta da lagoa, distribuiu pela sua orla roupas de etiqueta que os desavisados tamoios vestiram. Morreram todos de varíola, pois as roupas eram de defuntos vitimados pela doença. E Salema, o mouro, esperto que era, pôde construir seu engenho de cana ali, que naquele tempo isso dava mais dinheiro que o tráfico de drogas. Nascia então no Novo Mundo técnicas avançadas de combate e extermínio em massa: a temida guerra bacteriológica, melhor que mil tiros de arcabuz.
Antes de correr ao morro Cara de Cão para dar um soco no focinho de Salema, vociferou contra o carrasco português: “Se te pego, te mato; te mando algumas flores e depois escapo!”, fazendo uso do refrão de uma antiga ária do cantor Sidnei Mingal muito em voga em seu tempo. Mas qual, Salema não estava mais lá desde há muito, a cidade havia sido transferida por Men de Sá após a morte de Estácio no Carnaval por overdose de coca (nunca gostou do sabor adocicado da pepsi), para o morro do Castelo.
Os repórteres na cola. Correu toda a orla chique montado num tapir e chorou de raiva, só havia gringos. “Os perós tomaram conta!” lamentou. “O que é tudo aquilo?”, perguntou aos repórteres. “Favela!” disseram. E emendaram: “Uma maneira de morarem apinhados e próximos da orla”. “E esse monte de perós gritando e carregando pendões nessas ubás com cobertura?”, intrigou-se. “Ah! São flamenguistas embandeirados indo ao clássico contra o Vasco. E não são ubás, são ônibus. Hoje o Romário pode fazer o milésimo gol, vamos ao estádio? Lhe levamos lá.” E Aimberê topou conhecer a brincadeira. Montou no seu tapir, e os repórteres na frente em suas vans indicando-lhe o caminho pelo meio da selva de pedra. Uns malandros roubaram-lhe o tapir no estacionamento pois ele esqueceu de ligar o alarme. Mas há males que vêm para o bem, afinal o Ibama já se preparava para multá-lo por tráfico de animais silvestres. O animal foi moqueado num dos morros, como são os churrascos de hoje, que a gente aprendeu a fazer tão bem quanto os tupinambás e tupiniquins, que se comiam (gastronomicamente) uns aos outros, dizendo: “Iguatu! Muito bom. Muito bom!”
Na peleja em campo, que animou Aimberê, lembrou-se das contendas contra perós e tupiniquins no seu tempo. Torceu para o Flamengo, pois Vasco é bacalhau e português, e um tamoio odeia portugueses e ama os mairs franceses. Ficou feliz porque Romário não fez seu milésimo gol, e foi embora sorridente porque os perós vascaínos saíram tristes do Maracanã. Ao menos dessa vez os tamoios sorriram. Em sua entrevista de despedida aos repórteres falou de seus planos para o futuro: iria convidar Coaquira, Pindobuçu, Cunhambebe e outros morubixabas para serem caciques de um time que pretendia fundar para toda a nação indígena brincar. “Já tem nome?”, perguntaram os repórteres. “Sim”, disse na lata. “E qual é?” “Guarani”, respondeu convicto. Os repórteres fizeram cara de mofa e grunhiram baixinho entre dentes: “Xiii, péssima escolha. Esse é saco de pancadas na terceira divisão”. Aimberê voltou feliz para a sua terra cantando um velho samba de um cantor que mudou de nome e está com seu cavalo procurando o dragão em Jaci: “No Flamengo existe uma nega chamada Tereza...”

jjLeandro

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